Por: Leandro Ramires

A regulamentação da cannabis medicinal, em boa parte dos Estados  americanos, determinou impactos econômicos e sociais importantes:

Redução de internação por uso e abuso de substâncias opioides

Em mês de fevereiro passado, o pesquisador Shi Y,  do Departamento de Medicina Familiar e Saúde Pública, Universidade da Califórnia em San Diego – EUA, observou que a legalização da cannabis medicinal foi associada a reduções de 23% (p = 0,008) e 13% (p = 0,025) em hospitalizações relacionadas à dependência ou abuso de opioides e superdosagem de analgésicos opiáceos, respectivamente. [1]

Redução de mortalidade por overdose de opioides

Três Estados americanos: Califórnia, Oregon e Washington tinham Leis de cannabis medicinal em vigor antes de 1999. Dez estados: Alasca, Colorado, Havaí, Maine, Michigan, Montana, Nevada, Novo México, Rhode Island e Vermont promulgaram Leis de cannabis medicinal entre entre 1999 e 2010. Estes Estados apresentaram uma redução, estatisticamente significativa, da taxa média de 24,8% de mortalidade por overdose de opiáceos, em comparação com os estados sem Leis de cannabis medicinal. [2]

Redução de custo de Homecare

Em julho de 2016, Ashley C. Bradford e W. David Bradford, ambos do Departamento de Administração Pública da Universidade da Georgia USA, após analise dos inscritos no programa oficial do governo federal americano para fornecimento de medicamentos (Medicare Part D) no período de 2010 a 2013, descobriram que o uso de medicamentos para os quais a cannabis medicinal poderia servir como alternativa caiu significativamente após a implantação da Lei de Regulamentação da cannabis medicinal.  Os autores estimaram uma redução no custo financeiro para compra de medicamentos da ordem de US $ 165,2 milhões o que representa 0,5 % do total do custo da Medicare Part D. Tal economia foi atribuída à mudança de comportamento das prescrições médicas nos 17 estados e o Distrito de Columbia que legalizaram a cannabis medicinal.

Os autores sugerem que, a nível federal, a cannabis medicinal saía da Lista 1 de Substâncias Controladas e Proibidas porque a droga é definida proscrita por apresentar alto potencial de abuso e nenhum beneficio. Os bons resultados obtidos por pacientes, usuários de cannabis medicinal nos Estados americanos, cuja legislação regulamenta o uso, contrapõe a desatualizada restrição federal criando um conflito entre as Leis Federais e Estaduais nos EUA. [3]

 

  1. Shi Y. Medical marijuana policies and hospitalizations related to marijuana and opioid pain reliever. Drug Alcohol Depend. 2017 Feb 21;173:144-150. [PubMed]
  2. Bachhuber MA, Saloner B, Cunningham CO, Barry CL. Medical cannabis laws and opioid analgesic overdose mortality in the United States, 1999-2010. JAMA Intern Med. 2014 Oct;174(10):1668-73. [PubMed]
  3. Bradford AC, Bradford WD. Medical Marijuana Laws Reduce Prescription Medication Use In Medicare Part D. HEALTH AFFAIRS 35, NO. 7 (2016): 1230–1236. [PubMed]