Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos aumentam com a idade, 10 casos de câncer de pâncreas para cada 100.000 habitantes entre 40 e 50 anos e 116 casos entre 80 e 85 anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por câncer. No país em 2013, morreram 8.710 pessoas, sendo 4.373 homens e 4.335 mulheres. A alta mortalidade se deve ao diagnóstico tardio e o comportamento agressivo da doença.

O Sistema Endocanabinoide apresenta íntima relação com a sintomatologia dolorosa e a sobrevida do câncer de pâncreas. Baixos níveis de receptores CB1 foram associados ao aumento da sobrevida, mas ao mesmo tempo com um alto índice de dor. Diferença estatisticamente significativa (p = 0,034) na sobrevida de 11 meses para 24,5 meses entre os pacientes com pouca dor e os com muita dor, respectivamente [1].

Os receptores CB1 e CB2 foram detectado por imunohistoquímica em células de câncer de pâncreas e a concentração destes receptores tem relação direta com a sobrevida.

Modificado de Christoph W. Michalski in . Int J Cancer. 2008 Feb 15; 122(4): 742–750 [PDF]

Os canabinoides levam a apoptose de células tumorais pancreáticas através de ação agonista nos receptores  CB2 induzindo aumento de e ceramida e proteínas relacionada ao stress celular no reticulo endoplasmático no citoplasma das células malignas. Essas descobertas podem contribuir para estabelecer uma nova base para abordagem terapêutica para o tratamento de câncer de pâncreas [2].

A Gencitabina é uma droga quimioterápica que apresenta menos de 20% de resposta no tratamento do câncer de pâncreas.  O tratamento combinado, Gencitabina/canabinoide, inibe fortemente o crescimento de células tumorais pancreáticas humanas implantadas em camundongos sem efeitos tóxicos aparentes, mostrou estudo realizado na Universidade de Verona na Itália [3].

Os receptores canabinoides foram identificados no câncer de pâncreas com vários estudos in vitro mostrando in efeitos antiproliferativos e pro apoptóticos. As principais substâncias ativas encontradas nas plantas de cannabis são os fitocanabinoides Canabidiol (CBD) e o Delta 9 tetra-hidrocanabinol (THC) e existem efeitos predominantemente mediados pelas vias do receptor canabinoide-1, receptor canabinoide-2 e receptor 55 acoplado à proteína G. Estudos in vitro demonstraram consistentemente efeitos inibidores do crescimento de tumores com CBD, THC e derivados sintéticos. Os efeitos sinérgicos do tratamento foram demonstrados em dois estudos com a combinação de ligantes CBD / receptores sintéticos de canabinoides e quimioterapia em xenoenxertos e modelos de câncer de pâncreas [4].

 

Referências

  1. Christoph W. Michalski, Florian E. Oti, Mert Erkan, et al. Cannabinoids in pancreatic cancer: Correlation with survival and pain. Int J Cancer. 2008 Feb 15; 122(4): 742–750. [PDF]
  2. Carracedo A, Gironella M, Lorente M, et al. Cannabinoids induce apoptosis of pancreatic tumor cells via endoplasmic reticulum stress-related genes. Cancer Res. 2006 Jul 1;66(13):6748-55. [PDF]
  3. M Donadelli, I Dando, T Zaniboni, et al. Gemcitabine/cannabinoid combination triggers autophagy in pancreatic cancer cells through a ROS-mediated mechanism. Cell Death Dis. 2011 Apr; 2(4): e152. Published online 2011 Apr 28. [PDF]
  4. Sharafi G, He H, Nikfarjam M. Potential Use of Cannabinoids for the treatement of Pancreatic Cancer.J Pancreat Cancer. 2019 Jan 25;5(1):1-7. [PDF]