O glioblastomas é o tumor cerebral mais comum em humanos.  Apesar das abordagens terapêuticas agressivas que consistem em ressecção cirúrgica máxima segura e radioquimioterapia, mais de 95% dos pacientes com GBM morrem em 5 anos após o diagnóstico. Assim, ainda há uma necessidade urgente de desenvolver novas estratégias terapêuticas contra esta doença. O acúmulo de evidências indica que os canabinóides têm funções antitumorais potentes e podem ser usados ​​com sucesso no tratamento de GBM. Alterações significativas no equilíbrio do sistema endocanabinoide estão relacionadas com processos de transformação maligna em vários tipos de câncer incluindo os gliomas [1,4]. Estudo espanhol avaliou a administração local e peritumoral de micropartículas THC e CBD a cada 5 dias em camundongos portadores de xenoenxerto (Tumores humanos implantados em camundongos) de glioblastomas multiforme. Os autores observaram importante redução do crescimento do tumor. Além disso, o tratamento com canabinoides agregados a micropartículas aumentou a apoptose, diminuiu a proliferação celular e angiogênese [2].

O CBD regula negativamente a expressão gênica e capacidade de invasão de células de glioblastoma (GBM). Tal efeito é decorrente da redução do regulador transcricional Id-1 que desempenha um papel crítico na modulação da capacidade de invasão de células de GBM. Níveis de expressão de Id-1  correlacionam-se diretamente com a capacidade de invasão de células de GBM em cultura e com graus histopatológicos em biópsias de pacientes. Neste contexto, o CBD inibe significativamente a invasão de células de GBM observada em culturas organotípicas (modelo experimental de cultura de células malignas). A terapia com canabinoides representa uma nova e promissora estratégia para melhorar o tratamento e a evolução de pacientes com GBM [3].

Estudo de revisão recente, realizado na Alemanha, resumiu as últimas descobertas sobre os efeitos moleculares dos canabinoides no GBM, ambos in vitro e em estudos pré-clínicos em modelos animais e pacientes. O efeito terapêutico dos canabinoides é baseado na redução do crescimento tumoral via inibição da proliferação tumoral e angiogênese, mas também via indução da morte de células tumorais. Além disso, foi demonstrado que os canabinoides inibem a capacidade de invasão e as propriedades semelhantes às células-tronco de tumores GBM. Os recentes ensaios clínicos de fase II indicaram resultados positivos em relação à sobrevivência de pacientes com GBM após tratamento com canabinoides. Tomados em conjunto, esses achados sublinham a importância de elucidar a eficácia farmacológica total e os mecanismos moleculares do sistema canabinoide na fisiopatologia do GBM [4]

 

Referências

1.        Ellert-Miklaszewska A, Ciechomska I, Kaminska B. Cannabinoid signaling in glioma cells. Adv Exp Med Biol. 2013;986:209-20. [PubMed]

2.        Hernán Pérez de la Ossa D, Lorente M, Gil-Alegre ME, et al. Local delivery of cannabinoid-loaded microparticles inhibits tumor growth in a murine xenograft model of glioblastoma multiforme. PLoS One. 2013;8(1):e54795. [PubMed]

3.        Soroceanu L, Murase R, Limbad C, et al. Id-1 is a key transcriptional regulator of glioblastoma aggressiveness and a novel therapeutic target. Cancer Res. 2013 Mar 1;73(5):1559-69.[PubMed]

4. Dumitru CA, Sandalcioglu IE, Karsak M. Cannabinoids in Glioblastoma Therapy: New Applications for Old Drugs. Front Mol Neurosci. 2018 May 16;11:159.[PubMed]