Doença que leva a destruição da bainha de mielina dos neurônios, de etiologia autoimune, a esclerose múltipla é uma das principais causas de incapacidade neurológica não traumática nos adultos jovens. Como os danos neurológicos são relevantes e limitadores, optamos por fazer os comentários sobre esclerose múltipla nesta seção e não na seção que trata das doenças imunitárias. Infelizmente, são escassas as informações sobre sua epidemiologia, assim como a disponibilidade de recursos, serviços de apoio e medicamentos. O uso de cannabis medicinal tem se consolidado com alternativa eficaz para tornar a vida, destes pacientes, mais suportável.

Estudo publicado em 2012 no Canadian Medical Association Journal demonstrou que fumar maconha reduziu em 2,74 pontos na escala de Ashworth modificada (que avalia o tônus muscular) quando comparado com placebo. Tal observação mostrou ser estatisticamente significativa (p < 0,001) [1]. Com bases nesses dados, e em vários relatos de casos, uma mistura (Sativex™) de 1: 1 de THC e CBD extraídos da cannabis recebeu aprovação para o tratamento da espasticidade relacionada com a esclerose múltipla em vários países ao redor do globo. O CBD modifica os efeitos deletérios na doença dismielinizante por um mecanismo anti-inflamatório através da redução da produção de citocinas, atenuando a ativação das células de micróglia, o que pode retardar o padrão evolutivo da doença [2].

Opinião AMA+ME

O alívio da dor e espasticidade muscular, com baixos efeitos colaterais, alcançado por grande dos pacientes portadores de dor neuropática crônica incapacitante e/ou esclerose múltipla, com cannabis fumada ou vaporizada, coloca essa alternativa como opção eficaz de tratamento. O cultivo nacional, regulamentado pelo estado, proporcionará maior acesso ao tratamento a custos mais acessíveis além de proporcionar dados para estudos clínicos com bases científicas sólidas que certifiquem a segurança e mensurem os reais benefícios da cannabis medicinal.

Referências

1.        Corey-Bloom J, Wolfson T, Gamst A, et al. Smoked cannabis for spasticity in multiple sclerosis: a randomized, placebo-controlled trial. CMAJ. 2012 Jul 10;184(10):1143-50. [PubMed]

2.        Mecha M, Feliú A, Iñigo PM, et al. Cannabidiol provides long-lasting protection against the deleterious effects of inflammation in a viral model of multiple sclerosis: A role for A2A receptors. Neurobiology of Disease 59 (2013): 141–150. [PubMed]