Em 1889, artigo do PhD. EA Birch na revista The Lancet, uma das principais revistas médicas do mundo, delineou a aplicação de cannabis para o tratamento de dependência ao ópio. A erva reduziu o desejo do ópio e agiu como um antiemético.

Os potenciais benefícios terapêuticos do CBD (anticonvulsivante, ansiolítico, antipsicótico, melhora do sono e apetite) colocam-no como opção terapêutica racional para o tratamento da dependência química por Crack. A AMA+ME reconhece o potencial do CBD e apoia essa iniciativa [1]. Estudos experimentais têm demonstrado um papel importante dos receptores CB1 no mecanismo neuroquímico do consumo de álcool e de sua regulamentação. Estudo envolvendo, um antagonista do receptor CB1, reduziu significativamente o consumo de álcool e motivação para o seu consumo em vários estudos experimentais [2].

Estudo, realizado na Universidade de Columbia / EUA, envolvendo 60 pacientes concluiu que o Dronabinol©, um THC sintético, reduziu a gravidade da abstinência de opiáceos durante a desintoxicação aguda durante o tratamento com naltrexona, droga utilizada como bloqueador reversível dos efeitos dos opioides. Participantes que optaram por fumar cannabis durante o estudo, foram mais propensos a completar o tratamento com naltrexona [3].  O próprio uso abusivo de cannabis pode ser tratado com extrato rico em CBD. Mais estudo clínicos são necessários para conhecer o papel dos canabinoides como terapia auxiliar no tratamento da dependência de drogas de abuso.

 

Opinião AMA+ME

O fim do proibicionismo é premissa importante para o desenvolvimento da ciência relacionada à cannabis medicinal. Nós incentivamos, colaboramos e apoiamos iniciativas de pesquisa acadêmica nacional que abordem o papel da cannabis na melhoria da qualidade de vida nas pessoas que sofrem transtornos psiquiátricos relacionados á ansiedade, depressão e psicoses.

Defendemos a regulamentação das drogas ilícitas, comumente utilizadas de forma ilegal pela população em todas as classes sociais, para que o usuário seja respeitado nos seus direitos humanos e que os dependentes químicos, que fazem uso abusivo e problemático destas drogas, possam ser tratados adequadamente dentro de uma política de redução de danos efetiva e multidisciplinar.

Educação da população baseada na verdade científica, ampla regulamentação para descriminalização do usuário e tratamento dos dependentes químicos dentro do seu contexto social, são pilares para o fim da “Guerra contra as drogas” que só contribui para o aumento a população carcerária, insegurança e extermina além da população jovem, negra e pobre no Brasil.

Referências

  1. Zuardi AW, Rodrigues JA, Cunha JM. Effects of cannabidiol in animal models predictive of antipsychotic activity. Psychopharmacology (Berl). 1991;104(2):260-4. [PubMed]
  2. Zuardi AW, Crippa JA , Hallak JE, et al. A critical review of the antipsychotic effects of cannabidiol: 30 years of a translational investigation. Curr Pharm Des. 2012;18(32):5131-40. [PubMed]
  3. Crippa JA, Hallak JE, Abílio VC, de Lacerda AL, Zuardi AW. Cannabidiol and Sodium Nitroprusside: Two Novel Neuromodulatory Pharmacological Interventions to Treat and Prevent Psychosis. CNS Neurol Disord Drug Targets. 2015;14(8):970-8. [PubMed]