No dia 21/09, em reunião na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os representantes da AMA+ME Juliana Paolinelli (vice-presidente e coordenação de acolhimento), Leandro Ramires (presidente) e Renato Malcher (coordenação médica científica) discutiram sobre meios para facilitar e beneficiar o tratamento de pacientes canábicos. Na ocasião, Juliana, representando os pacientes associados da AMA+ME, passou as mãos do Diretor Presidente, Jarbas Barbosa, o “Projeto de Cultivo Coletivo e Beneficiamento de Cannabis para Fins Medicinais AMA+ME”. O Projeto contem sugestões técnicas para regulamentação do cultivo coletivo medicinal a partir dos pacientes de forma associativa / cooperativa, sua execução ainda depende de decisão favorável da Suprema Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5708 que pretende descriminalizar o cultivo de cannabis para fins medicinais para pacientes. A estrutura do projeto é modular e foi desenvolvida no sentido de atender, de forma continua e com qualidade, 20 pacientes associados. O módulo, conhecido como AMA+ME 20, foi utilizado para cálculos da área, número de plantas, insumos e estrutura física, podendo ser facilmente multiplicado.
A AMA+ME continua sua luta em favor do êxito da ADI 5708 e torce para que, em breve, cada paciente não seja incriminado por plantar, cultivar, colher, guardar, transportar, utilizar, adquirir cannabis para fins medicinais da forma que lhe convier. No que diz respeito ao cultivo e produção de “extratos medicinais”, uma forma inteligente é a produção coletiva já que o cultivo doméstico de cannabis não é garantia de tratamentos adequados para pacientes graves ou severamente comprometidos.
De maneira ampla, o projeto contempla uma rede de produção de matéria prima, extração e beneficiamento em terrenos já disponibilizados por associados e parceiros em outros Estados brasileiros. Estes cultivos estarão interligados ao Laboratório Central AMA+ME que será responsável pelos protocolos operacionais padrão, nas várias etapas do ciclo produtivo da cannabis, que serão utilizados como referência nos vários cultivos associados da AMA+ME no país. Desta forma, sob monitoramento rigoroso, será possível manter nível elevado de qualidade.
O Laboratório Central AMA+ME, possuirá cultivo em regime fechado e contará com três laboratórios independentes: 1) Semeadura, produção de mudas e crescimento vegetativo, 2) Floração, 3) Extração, produção de extratos, dosagens de canabinoides, análises laboratoriais e desenvolvimento de padrões para o Controle de Qualidade. Todo o ciclo produtivo da cannabis será submetido a controle diário de umidade, temperatura, iluminação e fertilização. Os três laboratórios contarão com ambientes descontaminados, com pressão positiva no fluxo do ar, sala de descontaminação para os funcionários e sistema de segurança. A busca por excelência no Laboratório Central AMA+ME visa desenvolver parâmetros para a produção de qualidade e pureza além de servir como padrão de referência para os cultivos da associação em outros estados.
Durante a reunião na ANVISA, o Prof. Renato Malcher argumentou sobre o mercado paralelo que vem surgindo pelo país, muitos óleos canábicos artesanais passaram a ser comercializados para as famílias, já que o custo da importação ainda é muito elevado para maioria, sem que se tenha qualquer informação sobre dosagem e qualidade. Ainda segundo Malcher, em um cultivo doméstico de cannabis é muito complicado manter a continuidade e mesmo ter a noção de quantidade, referente a concentrações de canabinoides, que os pais estão administrando aos seus filhos, desta forma é difícil manter um controle adequado de crianças epiléticas refratárias e autistas.
Dr. Leandro Ramires, além de apresentar o potencial medicinal da manipulação do Sistema Endocanabinoide, apontou a necessidade da continuidade dos estudos clínicos que são desenvolvidos pela AMA+ME e trouxe, para registro preliminar na ANVISA, o projeto “Estudo Clínico AMA+ME Prospectivo Duplo Cego Alzheimer” que visa avaliar o impacto do uso oral de extrato de cannabis, ainda não especificado, na qualidade de vida de pacientes com doença de Alzheimer.
A AMA+ME mantém sua linha focada nos pacientes e vem realizando um trabalho que promete trazer benefícios para todos os pacientes canábicos do país, associados ou não.
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